Otília Germano, Tilinha

Ao longo da vida todos ansiamos, de uma forma ou outra, por uma alma gêmea e raramente a encontramos, no meu caso tive a felicidade de a encontrar muito cedo, era a minha irmã Otilia, a Tilinha.

Do princípio ao fim foi de uma alegria inabalável, não era possível estar triste ao lado da Tilinha, ela não deixava. Sempre teve a alegria que
me faltava.

Recordo com particular saudade a nossa infância em que ela, embora mais nova, é que fazia frente às educadoras quando, por me portar mal, me queriam castigar...não admitia isso e reportava de imediato aos meus pais...

Essa presença protectora acompanhou-me ao longo da vida e estendeu-se também à minha vida profissional. Insistia muitas vezes comigo que me defendesse de maneira enérgica quando eu, por temperamento, hesitava ou me excedia na paciência.

Essa protecção estendia-se a todos os que com ela privavam ou de quem ela gostava.

Esse instinto protector estendia-se enfim a todos, menos, quantas vezes...a ela própria...

Os últimos dez anos foram maravilhosos para ela, mesmo com a doença dos últimos quatro, viveu os melhores anos da vida, como ela própria dizia, plenamente realizada em todos os sentidos em que isso é possível na vida efêmera de qualquer um de nós.

A luta contra a doença também transportou consigo momentos memoráveis em família e vitórias verdadeiramente épicas contra um inimigo, no final, impossível de vencer. Se alguém podia vencer esse inimigo era a Tilinha, mas ainda ninguém pode quando ele se impõe.

Procurei retribuir-lhe o que fez por mim ao longo de todos os anos desde que tenho memória e agradeço a todos todo o carinho, atenção e manifestação de pesar pelo seu falecimento. Esta família, a família Germano, tem boa memória e não esquecerá.

Quero ainda dizer a todos que partiu em paz, com tudo e com todos, sem excepção, caindo lentamente da árvore da vida como uma folha cai no chão.

Quero ainda agradecer à Providência Divina as ajudas que nos deu, em vida e depois dela, físicas e espirituais.

Este não é um adeus Tilinha, é um até breve...não resisto uma piada que sei que ela iria gostar: "pagar e morrer quanto mais tarde melhor..."( diz o povo...) mas ficarei com muitas saudades ansiando pelo nosso reencontro.

Gostamos muito de ti Tilinha.


João Pinto Germano