Eng. Pedro Malho

Em 2002 conheci um Homem, de seu nome Pedro Malho, junto com o Arquiteto José Gouveia, sócio fundador de uma empresa de nome Exergia. A primeira impressão que tive foi que se tratava de uma pessoa de "poucos amigos", como se costuma dizer, um indivíduo de poucas conversas e mal disposto...pois bem, foi tão só uma das pessoas de melhores qualidades humanas que conheci em toda a minha vida, um homem bom de um sabedoria tranquila. Atravessei com ele a planície que separa Luanda do Huambo, a sua terra Natal, naquelas viagens em que os mais velhos nos transmitem a sabedoria que acumularam, muitas vezes através de anedotas e estorias vividas que guardamos pela vida fora e que ora nos ajudam a afastar o tédio, ora nos inspiram para ultrapassarmos as dificuldades. Começámos a trabalhar no Huambo, ja enquanto sócios, com o Rui Arcanjo, o Dr. Hélder Beji e o Paulo Kabanga "Mingo ", naqueles primeiros anos pós-guerra, quando ninguém queria sair de Luanda, tendo-se juntado logo depois o Engenheiro José Correia, o Sandro , o Engenheiro Antônio  Madaleno seguido do Engenheiro Claudio Pires e muitos outros que seguiram depois! Foram, com todas as dificuldades, dos melhores anos da minha vida e estou certo, dos melhores anos da vida daqueles que participaram e continuam a participar na aventura da reconstrução e construção daquela que será, estou convencido, uma luz entre as nações africanas - Angola.

O Engenheiro Pedro Malho nasceu angolano, viveu angolano e, até ao fim, foi angolano. Esteve preso, por ordem do Regime Ditatorial em Portugal, no Forte de Peniche, por ter estado ao lado do povo de Angola na luta pela independência, e até ao fim reclamava que lhe trouxessem jinguba da sua amada Angola! Em Portugal foi sempre por todos reconhecido como um dos mais brilhante engenheiros da sua geração, entrando para a história da engenharia com projectos como o transporte e armazenamento de gás da Argélia para Portugal ou, mais recentemente, no mega terminal de Sines! Em Angola foi o principal responsável por alguns dos melhores trabalhos da Exergia com reconhecimento internacional em vários troféus.

 

Lançou  as sementes de novas Exergias em S.Tomé e na Guiné-Equatorial que começam agora a entrar na sua velocidade de cruzeiro. Gostava dos grandes desafios, de grandes obras, coisas épicas do género que satisfazem a arte e o engenho desses grandes homens criativos, desses grandes angolanos/portugueses...Mesmo lutando contra a doença, trabalhou incansavelmente até ao fim e poucos dias antes de partir ainda ajudava a definir estratégias para a entrada da Exergia em projectos que se adivinham épicos! Criou escola e deixou saber junto da família jovem que é este Grupo Exergia! Nunca será por nós esquecido e saberemos honrar a sua memória dando o melhor de nós com os conhecimentos que nos transmitiu e com as qualidades humanas de que era exemplo!

Adeus amigo, vamos sentir falta da tua companhia, das tuas brincadeiras ( eu particularmente das que tinhas com a Otilia ),dos teus conselhos...até um dia destes.

João Pinto Germano”